20.7.07

Amanhã Demanhã Doce Norte

1. Quando andávamos na universidade, depois de beber uns copos a mais, eu e a minha amiga G. fazíamos muitas vezes um show musical com um alinhamento muito especial. Constava sempre uma canção das Doce, Amanhã Demanhã, que cantávamos com um acentuado sotaque do norte. "Feicha a puorta, apaga as luzis, bem deitar-te a moeu lado/Dá-me um bueijo e o meu deseijo vai ficar acuordado". Ela era de Braga, e as duas, nortenhas (mesmo sem ser de gema), não tínhamos nenhuma dificuldade em dar um tom muito natural à pronúncia. Junto dos lisboetas da Universidade Nova (que por acaso eram poucos) e do Bairro Alto tivémos algum sucesso.

2. Passados vinte anos, não queria acreditar quando comecei a ouvir as minhas filhas cantar esta canção. Esta e outras das Doce, tipo "Uma da manhã, Hei"! As letras não se adequam muito a meninas de 6/7 anos, certo? Mas não havia nada a fazer. A Docemania tinha chegado cá a casa! Surpresa: quando fizeram anos, receberam o CD!

3. Agora que elas estão de férias, há sempre um momento do dia em que Amanhã Demanhã ecoa pela casa. Como elas sabem que esta é "a música da mamã e da madrinha G.", até aumentam o volume!

4. Dei por mim no duche a inventar versões diferentes desta canção. É difícil expressar-vos a emoção da descoberta, mas esta letra dá para tudo! Comecei com um swing: "Fe-cha-a-por-ta apa-ga a luUuUuUuUz". A versão cabaret alemão também fica bem, mas como não posso dançar para vocês, não sei se consigo convencer-vos. Como modinha brasileira é um mimo: "Fêche a porta, apague a luz, vem deitarrr-te a meu ladu". Enfim, demorei um tempão no duche, o que é pouco ecológico, mas saí de lá com a alma lavada. E concluí que a melhor versão é a da balada à Jorge Palma, mesmo se o estilo Madredeus também não fica nada mal. Deixo-vos a letra, decidam.

Fecha a porta, apaga as luzes
Vem deitar-te a meu lado
Dá-me um beijo e o meu desejo
Vai ficar acordado

Vem amor, a noite é uma criança
E depois quem ama por gosto não cansa
Amanhã de manhã

REFRÃO: Vamos acordar e ficar a ouvir
A rádio no ar, a chuva a cair
Eu vou-te abraçar e prender-te então
No corpo que é teu, na cama, no chão
Os nossos lençóis e a colcha de lã
Eu vou-te abraçar amanhã de manhã

Fecha os olhos, esquece o tempo
Nesta noite sem fim
Abre os braços, acende um beijo
Fica dentro de mim

Vem amor, a noite é uma criança
E depois quem ama por gosto não cansa
Amanhã de manhã


5. Saiu o Norte, e eu gosto muito do Jorge Palma.

1 comentário:

António Pires disse...

Também há a remistura indiana, com as Doce a serem acompanhadas por tablas e sitar (e com respeito): Amonhé de Monhé