Quem tem um ovo no saco não dança (provérbio africano)
A África Negra produziu ao longo dos anos um número incomensurável de mulheres cantoras. A sua música sempre me perturbou. Isto quer dizer emocionar, impelir à dança, enlevar-se.
Se aqui vou deixar alguns nomes é porque me parece importante quebrar a imagem estereotipada da mulher e da música africanas. das duas. Ouvi-las cantar é atravessar linguagens e romper barreiras culturais.
Mirian Makeba, sul africana, é a Mama África. É uma lenda viva. Nasceu em 1932 e, devido à política de apartheid, passou os seus primeiros seis meses de vida numa prisão com a mãe. A mãe, curandeira, chamou-lhe Zenzi, diminutivo de Uzenzile, que significa "não podes culpar ninguém, a não ser a ti própria".
E Makeba é um exemplo de força. Em 1963 discursou nas Nações Unidas e tornou-se a porta-voz (não oficial) do movimento contra-apartheid, viveu exilada até à eleição de Nelson Mandela, em 1990.
Musicalmente, alcançou renome internacional muito cedo. Com apenas 21 anos tornou-se a vocalista dos Manhattan Brothers. Em 1959 consegue o papel principal em King Kong, um espectáculo da Broadway, e conquista a América. Cantou para o Presidente kennedy no dia do seu aniversário (não foi só a Marilyn Monroe). Trabalhou com Harry Belafonte, participou na digressão de Paul Simon com Graceland. Já actuou nas principais Salas deste mundo. Mirian Makeba é uma diva.
Canta em xhosa, zulu e inglês e o seu espectro musical é amplo, desde a música tradicional africana ao jazz.
As outras cantoras africanas que destaco também conheceram fama internacional. Angélique Kidjo (Benim), Yvone Chaka (África do Sul), Mbilia Bel (Republ. Democrática do Congo). E, é claro, Cesaria Evora, que em Portugal é sobejamente conhecida.
Um outro provérbio africano diz que "Deus soube esconder a nudez do milho sob folhas verdes". Retirem as folhas, uma a uma.
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