19.7.06

Entre copa y copa. na Casa da Música


Lila Downs evoca a riqueza da cultura mexicana. O novo álbum LA CANTINA - ENTRE COPA Y COPA explora a tradição da canção ranchera. Pa`Todo el Ãno, do compositor Jose Alfredo Jimenez, consta do alinhamento. E depois, porque no México gostam de "foras da lei" e de rebeldes, Tacha, um corrido que fala de uma jovem mulher que deixa a sua aldeia rural para se tornar bailarina num bar da cidade. Ou El Relampago, uma homenagem à fertilidade da terra, interpretado no velho estilo mariachi. Ou La Cumbia del Mole, que enaltece as mulheres que cozinham o mole mexicano. E ela não esquece Llorona, a canção que fala de uma mulher bela que afinal era a morte (e que Chavela Vargas cantava!). O espectáculo é uma sucessão de ritmos e baladas populares que recriam o ambiente das cantinas ou bares do México mítico. A própria Lila, vestida com roupas e jóias de inspiração tradicional, penteada com longas e espessas tranças, incarna o espírito da sua música.

Os arranjos musicais não me encheram as medidas. Eu queria o som de LA SANDUNGA ou de TREE OF LIFE. A presença de Flaco Jimemez, um legendário acordeonista texano, dá um toque de autenticidade, mas a banda reflecte já as influências nova-iorquinas de Lila Downs. Ela mistura um harpista (virtuoso) do Paraguai com um guitarrista brasileiro, um baixista de NY, um pianista-saxofonista-director musical de New Jersey.

O que é inegável é a sua extraordinária voz. Mas eu ficava com os lamentos característicos na música ranchera, e deixava cair os sons mais electrónicos e jazísticos.
A qualidade do som na Casa da Música também não estava excelente (mas foi melhorando à medida que o espectáculo avançava).



Conclusão: gostei muito de a ver (e conhecer), não resisto ao álbum (ouçam os mp3 disponíveis), mas prefiro a Lila de Oaxaca, saída do útero da mãe mixteca, e até a estudante de antropologia da Universidade do Minnesota, à New Yorker e cosmopolita Downs.

Fotos de MRF

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