Feliz Natal!
25.12.05
CHARLES GOUNOD - AVE MARIA
24.12.05
22.12.05
Gardel
Terá nascido no Uruguai mas cresceu nos bairros humildes de Buenos Aires, com a mãe. O pai era francês. Querido por todas as camadas populares, também foi idolatrado pela classe alta francesa - mas não pela classe alta argentina. Não se conhecem fotos que o mostrem do lado de personalidades ligadas ao poder. Na sua música fala-se de amor, de desgostos, de tristezas mas também de miséria, e isso era incómodo.
Fez o mundo cantar em espanhol: A media luz, Adiós muchachos, Anclao en París, Volver,... Compôs a primeira canção contra o militarismo: o tango Silêncio que muitas décadas depois, durante a guerra Malvinas-Falkland (1982) seria proibido pela ditadura. Participou em vários filmes (mas nunca deixou que lhe alterassem o visual). El dia que me quieras e Tango Bar foram os últimos que protagonizou (gravados entre Janeiro e Março de 1935). Morreu em 24 de Junho de 1935 em Medellin, Colômbia, num acidente de aviação.
Fiquem com este link e se encantem.
16.12.05
14.12.05
Amália Rodrigues
E então fixei vários, muitos fados, e alguns fados-canção. Aqui, podereis ouvir Fado Português (oferenda de um marinheiro). Que estava triste cantava. Esse verso é tão bonito. ou Ai que lindeza tamanha. Falo das palavras e do acorde a saber a choro. Confesso que este poema de José Régio não me agrada no todo, e (quase) fugimos do tempo desta portugalidade. Mas a forma como Alain Oulman o musicou e a mestria da fadista tornam-no delicioso. Mas Amália cantou David Mourão-Ferreira, Alexandre O'Neill, Pedro Homem de Melo, Ary dos Santos, Manuel Alegre... excelentes poetas, que escreveram já a pensar na sua voz.
Os meus fados favoritos são os de Alberto Janes. Cheios de fatalismo (Foi Deus) ou de brejeirice popular (Vou dar de beber à dor), adoro cantá-los com Amália. Foi no domingo passado que passei à casa onde vivia a mariquinhas mas está tudo tão mudado.... Mas para me verem parar e sentir cada batida, ponham-me o Barco Negro (de Caco Velho-Piratini-David Mourão-Ferreira). Acordei tremendo deitada na areia. Mas logo os meus olhos disseram que não e o sol penetrou no meu coração... e o teu barco negro dançava na luz. Vi teu braço acenando entre as velas já soltas. Dizem as velhas da praia que não voltas. São loucas! São loucas!
BALADA PARA UN LOCO, de A.Piazzolla - H.Ferrer
12.12.05
O Rapto do Serralho
Uma história de paixão, mas também uma obra sobre as restrições aos direitos individuais..., que eu não conheço mas que me apetece ficar a conhecer. E vocês, já pensaram em ir ver este singspiel ?
10.12.05
Mercedes Sosa
9.12.05
A soprano Krista Adams-Santili canta...
2.12.05
SET' 05 de 23 Nov a 4 Dez III
Para uma primeira impressão deixo-vos este site. Ouçam as músicas que são acompanhadas pela eskeusta, um movimento de abanar dos ombros que pode levar ao êxtase.
Logo à noite, em Aveiro, temos o americano Corey Harris.
1.12.05
SET' 05 de 23 Nov a 4 Dez II
Todas as composições da Armenian Navy Band são originais de Arto Tunçboyaciyan que, insiste, têm o som da sua vida. É uma música que tem raízes nas tradições musicais da Arménia e da Anatólia fundidas com o jazz contemporâneo.
Here's To You Ararat
For The Souls of Those Who Passed
Em Aveiro, ainda vamos poder ver Mahmoud Ahmed (amanhã), Correy Harris e Toumani Diabaté (dia 2) e June Tabor (dia 3). Aqui no Divas a June vai continuar a cantar (coluna da direita) até porque ando a ouvir aleyn, o seu último álbum.
25.11.05
The Green Fields of France ou No Man's Land
A canção fala do soldado William McBride, morto em 1916. Quando a guerra termina um homem (ou mulher) senta-se na sua campa em França e fala com ele. Did you know what you died for, Willie? Did you really believe them, that this war would end wars? The killing and dying - it was all done in vain.
The Green Fields of France foi interpretada por vários artistas. Esta é a versão original de Eric Bogle.
A mesma canção, mas com um nome diferente, No Man's Land, foi cantada à capela pela cantora de folk britânica June Tabor, num concerto pela Paz em Passendale, Bélgica (1992). Esta é a gravação dessa actuação ao vivo.
SET' 05 de 23 Nov a 4 Dez
Nesta edição, a programação inclui, para além dos concertos, uma extensão da Amostra de Cinema Africano de Almada (Teatro Aveirense, dias 28 e 29, às 18h30 e às 21h30), sessões de Contos (a não perder: os contadores Carles Garcia Domingo, António Fontinha e Diego Calavia) e Feiras do livro e da música.
Destaque para os músicos que vão subir aos palcos do SET:
Armenian Navy Band - Celso Fonseca - Corey Harris - Danças Ocultas - Faiz Ali Faiz - June Tabor - Mahmoud Ahmed - Toumani Diabaté - Victor Gama
21.11.05
JOHN CAGE - Variations I for David Tudor
16.11.05
ASTOR PIAZZOLLA - Invierno porteño, Tango
11.11.05
SYBELIUS - Concerto in D minor for violin and orchestra
Ando a descobrir novos concertos para violino seguindo as sugestões do Joaquim Pavão. Falou-me também de Mendelsohn e Max Bruch (os próximos). Quanto aos intérpretes, fiquem com o conselho que ele me deu: escola russa dos anos 60 e 70.
5.11.05
Concerto para Violino e Orquestra em Ré, Op. 35 de TCHAIKOVSKY
1. Allegro Moderato
2. Canzonetta (Andante)
3. Finale (Allegro vivacissimo)
Descobri este concerto há muitos anos e continuo fiel amantíssima. Deixem-se levar pelos humores do violino, escutem as várias frases e o diálogo com a orquestra. Eu já torci um pé depois de uma pirueta seguida de deslizamento em tapete de sala. Foi no tempo em que dançava ao som de qualquer música. E em que imaginava cenários que justificassem tanto sentimento.
Se quiserem comprar, aconselho a versão da BBC Symphony Orchestra, com Salvatore Accardo como solista e direcção de Sir Colin Davis.
18.10.05
Hermeto Pascoal
Chorinho dedicado à Radio MEC
Vai um Chimarrão
5.10.05
Desesperadamente à procura de companhia para tomar um copo... e ainda por cima tenho que gramar com as músicas de todos os filmes do James Bond!
3.10.05
Músicas 007
Garbage - World is not enough
Carly Simon - The spy who loved me
Sheena Easton - For your eyes only
Sheryl Crow - Tomorrow never dies
Tom Jones - ThunderBall
Herb Albert & The Tijuana Brass - Casino Royale
12.9.05
5.9.05
Al Jolson
Quem nunca tiver ouvido falar dele, está a tempo de se redimir - aqui, o site oficial e aqui, apenas a filmografia.
You made me love You (1913)
I wonder why she kept on saying Si-Si-Si-Si-Senor (1918)
4.9.05
Charles Trenet
LA MER
Paroles et Musique: Charles Trenet
© - 1946
La mer
Qu'on voit danser le long des golfes clairs
A des reflets d'argent
La mer
Des reflets changeants
Sous la pluie
La mer
Au ciel d'été confond
Ses blancs moutons
Avec les anges si purs
La mer
Bergère d'azur
Infinie
Voyez
Près des étangs
Ces grands roseaux mouillés
Voyez
Ces oiseaux blancs
Et ces maisons rouillées
La mer
Les a bercés
Le long des golfes clairs
Et d'une chanson d'amour
La mer
A bercé mon cœur pour la vie
30.8.05
1. Léo Ferré canta Verlaine e Rimbaud
- Paul Verlaine
Les pensionnaires
Art poétique
Il pleure dans mon coeur
2. Maudits soient-ils !
Nous ne connaissons pas, avec suffisamment de précisons, les circonstances dans lesquelles ont été réalisés les enregistrements publiés dans ce double album. Nous sommes donc condamnés, dans l¹état actuel de nos connaissances, à la pratique délicate de la déduction et des suppositions hasardeuses. Sans compter que les diverses bandes retrouvées dans les archives personnels de Léo ne constituent sans doute pas la totalité des prises enregistrées à l¹époque lors des diverses séances. D¹autre part la qualité sonore de ces enregistrements n¹est pas toujours exempte de reproches, cependant toutes les techniques modernes de restauration ont été utilisées afin de permettre un confort d¹écoute optimal. Précisons qu¹il n¹a été pratiqué à aucun montage ni à aucune coupure, y recourir eut été facile voire tentant, mais nous tenions à préserver cet atmosphère intime du moment de la création. Ainsi, telles de petites souris indiscrètes nous devenons les témoins privilégiés de ces instants extraordinaires ou le musicien en pleine inspiration nous entrouvre les portes de son jardin secret.
3. Maudits soient-ils ! Léo Ferré e Paul Verlaine
4. Maudits soient-ils ! Léo Ferré et Arthur Rimbaud
29.8.05
28.8.05
Au suivant
"Next" de Scott Walker
Versão teatral, a da Sensational Alex Harvey Band
Histérica e divertida, qual opereta, a versão à Centimeters
Tout nu dans ma serviette qui me servait de pagne
J'avais le rouge au front et le savon à la main
Au suivant au suivant
J'avais juste vingt ans et nous étions cent vingt
A être le suivant de celui qu'on suivait
Au suivant au suivant
J'avais juste vingt ans et je me déniaisais
Au bordel ambulant d'une armée en campagne
Au suivant au suivant
Moi j'aurais bien aimé un peu plus de tendresse
Ou alors un sourire ou bien avoir le temps
Mais au suivant au suivant
Ce ne fut pas Waterloo mais ce ne fut pas Arcole
Ce fut l'heure où l'on regrette d'avoir manqué l'école
Au suivant au suivant
Mais je jure que d'entendre cet adjudant de mes fesses
C'est des coups à vous faire des armées d'impuissants
Au suivant au suivant
Je jure sur la tête de ma première vérole
Que cette voix depuis je l'entends tout le temps
Au suivant au suivant
Cette voix qui sentait l'ail et le mauvais alcool
C'est la voix des nations et c'est la voix du sang
Au suivant au suivant
Et depuis chaque femme à l'heure de succomber
Entre mes bras trop maigres semble me murmurer
Au suivant au suivant
Tous les suivants du monde devraient se donner la main
Voilà ce que la nuit je crie dans mon délire
Au suivant au suivant
Et quand je ne délire pas j'en arrive à me dire
Qu'il est plus humiliant d'être suivi que suivant
Au suivant au suivant
Un jour je me ferai cul-de-jatte ou bonne sœur ou pendu
Enfin un de ces machins où je ne serai jamais plus
Le suivant le suivant
10.8.05
Mohamed el-backkar
Port Said
Ya Habibi (Meu amor)
23.7.05
Elis Regina
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio se irmanam na fogueira das paixões
Os corações pegam fogo e depois não há nada que os apague
e a combustão os persegue, as labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno e o pão, o vinho seco, a recordação
Dos tempos idos de comunhão, sonhos vividos de conviver
As aparências enganam, aos que odeiam e aos que amam
Poque o amor e o ódio se irmanam na geleira das paixões
Os corações viram gelo e, depois, não há nada que os degele
Se a neve, cobrindo a pele, vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer, não há mais tempo de seesquentar
Não há mais nada pra se fazer, senão chorar sob o coberto
As aparências enganam, aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo se irmanam no outono das paixões
Os corações cortam lenha e, depois, se preparam pra outroinverno
Mas o verão que os unira, ainda, vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira, na reticente primavera
6.7.05
27.6.05
Tom Zé
Quem conhece Estudando Pagode - Segregamulher e Amor pode imaginar o show, o alinhamento, as variações, os urros, as palavras de ordem.
Com um casaco que podia ser Jean Paul Gautier mas que neste cara resultaria sempre numa imagem de sem abrigo, recriando a todo o instante uma encenação de pagode de favela e com muita piada, Tom Zé foi botando discurso contra a exploração das mulheres e das menininhas. Em casa e na rua. Sempre ironizando com a globalização. Intercalando com a defesa da língua portuguesa. E este cara tem talento para ser transparente e sério, rindo e inventando e experimentando muito. Sem nunca perder o ritmo, é claro!
Agradecemos a David Byrne que o relançou quando um prédio de dez andares parecia cobrir seu túmulo.
Foi assim, ontem à noite, no jardim do Palácio de Cristal. Preço: 8 € (menos 12 € que o bilhete para o concerto da Adriana Calcanhotto em Aveiro)
MRF
MRF
Tom Zé com a sua Banda e a cantora Luanda.
Oiçam mais um pouquinho, tão bonita esta Canção de Nora!
25.6.05
ADRIANA PARTIMPIM, O SHOW
MRF
Adriana e Guilherme Kastrup, senhor da percussão, bateria, MPC e tudo o que puder fazer música. A Banda Dé Palmeira, que também assinava a direcção artística, pareceu feita à medida da menina Partimpim. Conta ainda com Marcos Cunha nos teclados, samples, escaleta, flauta, guitarra and so on.
24.6.05
Psst
- Recebi uma mensagem com estas palavras: de um residente de Aveiro..., espero que gostes. Fui ver e gostei de ouvir este guitarrista. E vocês?
- Já agora, pessoal de Aveiro, no dia 2 de Julho às 16:00 podem assistir à Audição Final da Oficina da Música. O tema deste ano é Viagem ao Mundo do Cinema. E o Joaquim Pavão vai fazer dois workshops de Guitarra Clássica: dias 7 e 8 para crianças dos 6 aos 12 anos, e dias 11 e 12 de Julho para adultos. Tudo na Oficina da Música.
- Ainda no dia 2 de Julho, agora às 21:30, vai acontecer o lançamento do livro Numa Avenida de Merda de Ivar Corceiro. Façam o favor de passar na livraria Navio de Espelhos. Cheguem cedo, vai ser divertido!
Para quem lá esteve em Fevereiro no Encontro de Bloggers, fica o desejo manifesto de vos voltar a ver!
- Lançamentos de livros! É já amanhã, dia 25, às 18:00, na Biblioteca da CM da Amadora, que as poetisas Isabel Fontes (portuguesa) e Malubarni (brasileira) vão lançar Pensamentos de um Diário. Para ficarem com uma ideia sobre as duas leiam o que uma diz da outra, e também espreitem aqui e aqui. E apareçam!
- Logo à noite encontramo-nos no Cais da Fonte Nova para ouvir a Adriana Calcanhoto. (vivam os Concertos e Artes de Rua do Aveiro em Festa! Foram ver o Xarxa Teatre?)
PS: Conhecem a associação que visa sensibilizar a população para o genocídio de espermatozóides?
E ainda?: Já escolheram o nome para a Agência de Viagens do bin?
2.6.05
Let there be love
Denis Okanovic
A proposta é enroscarem-se bem no sofá a ouvir John Pizzarelli. E procurar aquele sentir de Pessoa ou Alberto Caeiro______ Leve, leve, muito leve, um vento muito leve passa, e vae-se, sempre muito leve. E eu não sei o que penso nem procuro sabel-o.
Do álbum Let there be love
Do álbum Live at Birdland [Live]
Do álbum The Rare Delight of You
30.5.05
Já sonho com Ngorongoro XVI (Grand Blue)
Joris van Daele
(provérbio africano)
Por volta das seis horas da manhã, acordei com o pássaro que canta debaixo da minha varanda. Existe uma gaiola dourada enorme e sobre ela pousa sempre esse pássaro. É uma ave canora rara. Pensei decidiu desafiar o mundo tomando posse dessa gaiola. E com esse pensamento, descobri que sorria novamente.
Depois o reflexo desta luz, deste amanhecer nas águas da piscina. E não resisti a apossar-me dela. Durmam todos e que nenhum sonho vos desperte. Não quero tudo. Só este momento. Assim.
Ouço ao longe uma música.
26.5.05
A Divina
Mon coeur s'ouvre à ta voix
E quem resiste?
Sansão e Dalila
Mon coeur s'ouvre à la voix, (My heart opens to your voice)
comme s'ouvrent les fleurs (like the flowers open)
Aux baiser de l'aurore! (To the kisses of the dawn)
Mais, ô mon bienaimé, (But, o my beloved)
pour mieux sécher mes pleurs, (To dry my tears the best)
Que ta voix parle encore! (Let your voice speak again)
Dis-moi qu'à Dalila (Tell me that to Dalila)
tu reviens pour jamais, (You will return forever)
Redis à ma tendresse (Repeat to my tenderness)
Les serments d'autrefois, (The oaths of other times)
ces serments que j'aimais! (the oaths that I loved)
Ah! réponds à ma tendresse! (Ah! respond to my tenderness)
Verse-moi, verse-moi l'ivresse! (Pour out to me the drunkeness)
Ainsi qu'on voit des blés (Like one sees the wheat)
les épis onduler (the blades undulate)
Sous la brise légère, (Under the light breeze)
Ainsi frémit mon coeur, (So trembles my hear)
prêt à se consoler, (ready to be consoled)
A ta voix qui m'est chère! (by your voice which is dear to me)
La flèche est moins rapide (The arrow is less quick)
à porter le trépas, (to carry death)
Que ne l'est ton amante (Than is your love)
à voler dans tes bras! (to fly into my arms)
Ah! réponds à ma tendresse! (Ah! resond to my tenderness)
Verse-moi, verse-moi l'ivresse! (Pour out to me the drunkeness)
25.5.05
18.5.05
Does every one know? II
James Wolfe
16.5.05
Does every one know?
6.5.05
Já sonho com Ngorongoro IX (Bi Kidude)
bin, ou meu querido Jacques Mayol, como não sou o Enzo Molinari, não consigo acompanhar-te nesse mergulho no Grand Blue. Os destroços do Pegasus vão continuar a ser um mistério para mim. O que restará de um barco afundado em 1916 em plena Grande Guerra? Enfim, para não ficar deep blue tento imaginar os mergulhos que faremos no recife de Pange. Corais e peixes tropicais, mergulhos nocturnos, um mar terno, caliente e acessível até a mergulhadores pouco experientes (como eu, que tenho mais pele e olhos que respirações compassadas e lentas). Mas deixaste-me preocupada com o mergulho de hoje, não te escames! Cuidado com os refúgios das moreias - não existem apenas nos livros do Spirou. E espero que não te aventures demasiado pelas profundezas - o Andwele disse-me que em Mombassa têm câmaras hiperbáricas mas que aqui os barcos só estão equipados com kits de oxigénio. Não queiras ser um homo delphinus!
Quanto a mim, não te preocupes. Estou a gostar deste "Desesperadamente à procura de Bagaço em Stone Town". Não imaginas os lugares por onde já andei. É verdade que ainda estranho. Ando solta e desconfiada, curiosa e recatada, com vontade de sorrir a toda a gente e de me deixar queimar pelo sol e ruídos e rezas e ao mesmo tempo, um pouco assustada com este bazar de mundos.
Comecei no Darujani Bazaar e não, não comprei aquelas bugigangas chinesas. Fiz o que me aconselhaste, meti-me pelo labirinto de pequenas ruelas ali à volta... e andei a ver se me perdia! Depois apanhei um dala-dala até ao Forte Árabe. O motorista andava nas faixas da direita e da esquerda mas ninguém pareceu estranhar, pelo que me limitei a inspirar e expirar com força até aquelas voltas me saberem bem! Pelo menos havia ar! Ainda me lembro de ir da Praia ao Tarrafal, em Cabo Verde, numa IACE - a carrinha Toyota "adaptada", em vez de 9, levava uns 20 passageiros! Os dala-dala têm a vantagem de não ter janelas e o tecto faz alguma sombra!
Como já conheces, não te vou falar muito de Stone Town, deixo-te só as razões do meu espanto. Quase todos os edifícios históricos tiveram utilizações muito diferenciadas ao longo do tempo!? O Forte foi usado como tal pelos omanis, depois foi transformado numa prisão, mais tarde os portugueses fizeram dele uma igreja, e agora tem um restaurante e lojas de souvenirs!!! A House of Wonders, residência da raínha Fatuma, foi depois a sede do Protectorado inglês! O Old Dispensary, mandado construir por ocasião do Jubileu da Rainha Vitória, é agora o Cultural Center! No subsolo da Catedral Anglicana podemos visitar as celas dos escravos negros! O Templo hindu Shakti já não tem hindus! Talvez por causa de todos estes filamentos da História, de povos e culturas e religiões, Stone Zanzibar parece-me cada vez mais misteriosa.
Outra coisa, este suaíli é um bocadinho diferente do que se fala na Tanzânia. Na Kelele Square tive alguma dificuldade em perceber o que ouvia! Encontrei depois um guia que me disse que este suaíli é mais "puro". Falou-me do kiswahili, de que deriva o suaíli, que nasceu do casamento de línguas de vários povos - árabes, persas, omanis e dos bantus de zanzibar! Por isso, em Zanzibar, estão mais próximos da origem! Já agora, sabes que kelele quer dizer barulho? Nome que seria certamente apropriado para um mercado de escravos! (agora tem lá um salão de beleza, não é bizarro?)
Quando nos encontrarmos logo, tenho uma mão cheia de perguntas para te fazer, depois de me contares a aventura no Pegasus. Para além do suaíli, do árabe, do inglês, como é que tanta gente também fala italiano? E é verdade que em Pemba se podem ver touradas à portuguesa? (e porque não em Unguja?) Que história é essa da Guerra dos 40 Minutos? Só sei que envolve ingleses e sultões e que consta como a guerra de menor duração da História. Os Banhos Persa Hamamni ainda funcionam? ______Podia continuar a puxar as pontas dos mil e um novelos!
Sabes que esta avidez de saber é falaciosa, não sabes? Os dados novos apenas distraem um pulsar que tenho que conter. Apetece-me suaílar, regatear, mas sobretudo dançar, esquecer o calor e as regras do Islão.
Conheces o Bi Kidude? Ele vai estar no Mambo Club logo à noite. Vê se chegas cedo. Até porque não sei se encontro o Bagaço! Desde que lançou aquele primeiro livro, nunca mais parou. Às tantas está para aí fechado a escrever o próximo best-seller!
Isto de viajar com um Indiana Jones e um Costa-Gravas é muito divertido mas às vezes é um pouco solitário (schuiff). A POPULACÃO É 95% MUCULMANA E EU SOU MULHER FËMEA USO SAIAS TENHO PELE CLARA OLHOS ESMERALDA VALHO TANTOS CAMELOS QUANTOS OS KM DAQUI ATÉ AO DESERTO DO SAARA! AINDA ME RAPTAM!
Para nem pensares em adormecer quando chegares do teu mergulho heróico, deixo-te esta carta e o leitor de cd's. Pedi na recepção do Hotel para os colocarem no teu novo quarto (também mudei, tinhas razão, é melhor mesmo em frente à praia).
Agora bin, carrega no Play.
Bi Kidude, o rei do taarab, 93 anos, canta Beru
Kwa Heri
Maria